Father (Cap. 02 - O Fim de Semana)

Eu realmente não acreditava que Pietro me obrigaria a fazer isso. Esse filme é horrível, definitivamente não é para mim.

- Não vou assistir A Origem! Eu me recuso! - "Por que eu deixei ele escolher a estreia do mês?" Perguntava a mim mesmo.

- Você disse para eu escolher e eu escolhi poxa! - Ele puxou meu braço e me obrigou a entrar na sala do cinema e sentar na última fileira.

O filme já havia começado quando vejo alguém inesperado entrando na mesma sala. Era Gabriela, ela estava com um... Outro menino ao lado dela. Permaneci o filme inteiro observando os dois ali conversando. Mas havia algo estranho, se eles estavam em um encontro porquê nunca se beijavam ou ficavam de mãos dadas?

- Você gostou do filme? - Pietro perguntou quando saímos.

- Eu odiei...

- Juanma! Oi, você estava assistindo A Origem? - Perguntou Gabriela se aproximando.

- Oi Gabi, s eu estava com meu amigo. Pietro essa é Gabi, e Gabi esse é Pietro meu melhor amigo e colega de quarto. - Apresentei-os.

- Esse aqui é Guilherme, meu...

- Seu namorado? - Me antecipei. Acho que essa não foi uma boa ideia considerando que ela apenas revirou os olhos e respondeu.

- Meu irmão! E você sabe bem que eu terminei com meu namorado ontem a noite ainda! - Ela respondeu com um tom de voz possesso.

- Me desculpem. - Eles me encararam por alguns minutos e começaram a rir da minha cara.

- Tá tudo bem! - Respondeu Gabi.

Decidimos nos reunir para irmos até a praça de alimentação, onde pedimos x-burguers com fritas, refrigerante e açaí. Estava mais aliviado depois de saber que aquele era irmão de Gabi. Mas a vergonha que passei foi aterradora. Após muita conversa voltamos para casa, mas no caminho decidimos parar em uma praça que tinha ali perto. Tentamos pegar um atalho em um beco escuro. Mas não foi uma boa ideia.

- O que vocês estão fazendo aqui seus moleques? - Perguntou um cara que parecia estar drogado pelo seu tom de voz. Naquele momento só estávamos eu e Pietro, já que Gabi havia voltado com seu irmão.

- Nada, só queríamos pegar um atalho para chegar na praça. - Respondi. Ele nos encarou e fitou o olhar no relógio de pulso de Pietro.

- Passa o relógio! - Ele parecia bastante agressivo.

- Não posso, é uma lembrança do meu pai! Ele me deu antes de morrer. - Eu tinha certeza que nada ali acabaria bem. Até que de repente Pietro é socado em seu rosto.

- Para por favor, ele vai te dar o relógio! Entrega o relógio Pietro! - Tentei convencê-lo.

- Me perdoa Juanma, mas eu não posso...

- Pietro! Seu infeliz! - Aquele homem havia sacado uma faca e atingido meu amigo, fugindo logo em seguida. - Não, não! Pietro! Pietro! Socorro! Alguém por favor me ajuda! Pietro! - Ele estava desacordado, liguei para uma ambulância, mas ela estava demorando. Até que uma senhora aparece e caminha desesperada em nossa direção.

- Meu Deus! O que aconteceu? - Ela perguntava aflita.

- Sofremos uma tentativa de assalto, mas meu amigo não quis entregar o relógio e foi esfaqueado... - Eu soluçava de tanta angústia.

- Traz ele até meu carro, vou levá-los ao hospital! - Ela ordenava e apenas juntei forças e ergui meu amigo levando-o até o carro da senhora.

Pietro estava pálido por conta de tanto sangue perdido. Eu creio que tudo vai dar certo. Eu não posso perder meu único amigo. Ele sempre está comigo em todas as horas e em todos os momentos, bons e ruins. Ao chegarmos no hospital alguns enfermeiros correram até onde estávamos ao avistarem Pietro totalmente ensaguentado.

- O paciente está em cirurgia. Você poderia explicar como tudo aconteceu? - Questionou o médico.

- Bom, tínhamos voltado do cinema e estávamos indo para uma praça ali perto. Decidimos pegar um atalho em um beco e encontramos com um cara que parecia estar chapado. Ele disse que queria o relógio do meu amigo, mas ele hesitou e não entregou. Então ele sacou uma faca e o atingiu. Graças a essa senhora conseguimos chegar ao hospital. - Contei todos os detalhes a ele.

- Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance. Mas a perfuração foi bem profunda e atingiu um de seus pulmões. Agora tudo está nas mãos de Deus. - Ele se retirou de sala e eu logo comecei a chorar.

- Não fique assim meu jovem, tenha fé que tudo vai ficar bem. Você quer comer alguma coisa? - Aquela senhora estava sendo um anjo em nossas vidas, se não fosse por ela talvez nunca chegaríamos a tempo.

- A senhora tem uma bondade enorme! Qual seu nome? - Perguntei e ela sorriu.

- Meu nome é Luzia, e só faço meu papel de cristã. Tenho fé que seu amigo ficará bem. E você como se chama? - Ela era diferente da maioria de cristãos que eu havia conhecido, possuía algo diferente.

- Eu estou bem melhor, é como se toda aquela angústia tivesse ido embora.

Algumas horas se passaram e Luzia permanecia ali comigo. Ela me contou várias histórias de Jesus que estavam descritas na bíblia. Não consigo imaginar outro Deus tão maravilhoso quanto esse.

- Tem alguém responsável por Pietro Sanches? - O médico havia perguntado.

- Os pais dele morreram e eu sou sua única família. - Respondi.

- Ele acabou de sair da cirurgia e está em repouso. Ele precisará de roupas limpas quando acordar.

- Você ouviu que seu amigo está bem? - Luzia parecia mais animada do que eu.

- Esse Deus é tão bom! - Foi tudo o que consegui dizer antes de cair em lágrimas.

- Ele viu a sua fé e agiu.

- Eu quero servi-lo por toda minha vida!

- Você pode, quero conversar com você depois com mais calma sobre isso. Agora vá para casa e descanse. Depois volte com roupas limpas para seu amigo. Este aqui é meu número para você informar sobre qualquer coisa tá bom? - Luzia se ofereceu para me levar para casa e quando cheguei deitei no sofá e peguei no sono.